domingo, 28 de novembro de 2010

O Vermelho e o Negro





Nunca tinha ouvido falar em O vermelho e o negro, de Stendhal, até o dia em que vi uma lista de livros usados na internet que um cara estava vendendo por bem barato. Fui pesquisar sobre o autor, e assim que descobri que Stendhal era um escritor russo, comprei o livro sem pensar duas vezes. Sou fascinada pela literatura russa, mas enfim.
Mais do que um romance de costumes, O vermelho e o negro é uma crônica política, ou uma crítica à sociedade de seu tempo, é um estudo psicológico da ambição, um estudo profundo "sobre os motivos secretos dos atos e a qualidade interior das almas na sociedade criada pela Revolução", como disse o crítico Gustave Lanson. Encontramos aqui o orgulhoso Julien Sorel - considerado a maior criação stendhaliana - um humilde camponês do condado francês que se torna professor particular de latim e, posteriormente, conhece a famosa Paris ao ser contratado por um nobre Marquês de LaMole e instalar-se em seu castelo. Toda a ambição de Julien é criar fortuna e ser reconhecido pela sociedade, mas, inexperiente nos assuntos da nobreza e muitas vezes equivocado sobre seus sentimentos, o jovem Sorel acaba travando lutas consigo mesmo, entre aquele que ele ainda é e aquele que ele quer ser. Quando conhece a verdadeira vida hipócrita e tediosa de Paris, Julien passa a desprezar a nobreza e percebe que foi muito feliz enquanto vivia no condado, protegido pelo amor inocente da Sra. de Rênal.
No entanto, Julien não pode simplesmente abandonar Paris, pois lá conheceu a elegante srta. Mathilde de LaMole, por quem pensou estar perdidamente apaixonado e com quem se casou, apesar dos protestos do pai dela. Não apresentarei o grande clímax do romance, onde Julien encontra-se preso e prestes a perder a cabeça. Apenas afirmo seguramente que O vermelho e o negro é uma bela opção de leitura para aqueles que apreciam a luta interna de um personagem sobre o que é bom e o que é certo, em uma sociedade onde exageros não são permitidos e deslizes tampouco perdoáveis.

No início de cada capítulo, Stendhal insere pequenos trechos de vários autores, e aqui apresentarei um de Shakespeare - outro de meus favoritos:
"Oh, como este desabrochar do amor relembra a incerta glória de um dia de abril; que agora mostra toda a beleza do sol e daqui a pouco uma nuvem obscurece completamente!"

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